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2017 Quénia (Nairobi, Samburu, Aberdare, Lago Nakuru, Lago Naivasha, Masai Mara e Amboseli) com passeio em Amesterdão durante escala

Dia 1: Nairobi – Samburu com safari em Samburu

O dia começou muito cedo no hotel em Nairobi para fazermos a viagem para norte, para a reserva de Samburu. Havia que ir almoçar a Samburu, para podermos fazer um safari na reserva ao fim do dia.
Pelo caminho vimos as ruas de Nairobi atulhadas de trânsito e, ao sair da cidade, um engarrafamento gigante para entrar na cidade. À tarde é a mesma coisas mas em sentido contrário.
Tendo sido avisado que as pessoas não gostam de ser fotografadas, reprimi a vontade de o fazer.
Depois de sair de Nairobi a viagem faz-se bem, em estradas boas ou razoáveis, mas sem ar condicionado, porque viajamos nos mesmos jipes Toyota LandCruiser já velhos em que fazemos os safaris.
Foram 7 horas de viagem com uma paragem numa loja de artesanato e souvenirs que tem um wc limpo mas rudimentar, em que as torneiras dos lavatórios não deitavam água.
Retomámos a viagem passando a linha do equador (de sul para norte), seguindo a estrada que leva à Etiópia e com a sorte de ver ao longe o Monte Quénia, um dos mais altos de África, sem nuvens a perturbar a visão. Ao fazer o desvio para a reserva de Samburu percebemos que só as estradas que ligam a principais localidades são asfaltadas e que os acessos aos parques e reservas nacionais são de terra. Niveladas por uma máquina de rasto que de vez em quando lá vai, mas que quando demora faz aquilo parecer uma viagem todo o terreno. Foram 2 horas nesta estrada irregular e poeirenta, com altos e baixos. Dizia o guia (que também era o condutor) que viajar naquelas estradas é uma massagem grátis.
Ao aproximarmo-nos de Samburu começámos a ver os primeiros animais naquela savana muito árida, ou não estivéssemos já próximos da Etiópia: órixes, gazelas e zebras.
Chegados a Samburu deram-nos acesso aos quartos e serviram-nos o almoço. Um buffet básico mas que nos soube muito bem depois de 7 horas de viagem. O Samburu Lode é dos mais simples mas aceitável. Parecido mas melhor que aquele em que fiquei no Grand Canyon. Tipicamente africano. Fica mesmo junto ao rio Ewaso Ng'iro, numa zona arborizada e cuidada. O pessoal muito amável, sempre a cumprimentar “jambo”. As instalações são simples mas agradáveis, nada ocidentais e tipicamente africanas, os bungalows são de madeira e cobertos de colmo, formando uma paisagem bonita que nos faz imediatamente lembrar onde estamos.
Nos parques e reservas há um problema: só há electricidade de gerador, que funciona das 18 às 24 horas ou não estivéssemos em pleno coração da savana queniana. WiFi só na recepção e rede móvel antiga. Se não procurássemos redes GSM tínhamos todos um aviso de “chamadas só de emergência”.
Depois do almoço soube bem explorar o lodge e ver os babuínos omnipresentes em todos os lodges. Há que deixar as portas dos bungalows sempre bem fechadas, se não assaltam os quartos e fazem a maior algazarra.
Às 16:30 juntámo-nos na entrada, onde os jipes ficam estacionados, para começar o primeiro safari. Os guias/condutores conhecem os trilhos todos de todos os parques, abrem os tectos dos jipes e nós podemos tirar os sapatos e seguir com os pés nos assentos.
Começámos por explorar a margem do rio, onde grupos de elefantes atravessavam e tomavam banho de lama numa poça. OS guias comunicam entre si pelos rádios dos jipes, para quando um encontrar algo interessante ou um animal mais difícil de ver, os outros poderem ir ter ao local com os seus turistas. Respeitando as passagens dos animais, em particular dos elefantes, que ameaçam atacar-nos se lhes cortarmos o caminho ou se nos aproximarmos demais, pudemos ver de perto os elefantes a passar. Vimos pelo menos duas dezenas.
Seguimos junto à margem tentando ver crocodilos, mas àquela hora eles estavam em locais mais frescos, evitando o sol que apanhariam nas margens.
Pelos trilhos poeirentos fomos vendo as gazelas Thomson (também chamadas de MacDonalds pelo M preto que têm atrás), zabras de Gravy (têm as listas mais estreitas), caxines (que os ingleses chamam de Dik-Dik), alguns órix e depois encontrámos muitas girafas. Em pouco tempo conseguimos ver a maioria dos animais que habitam a savana. Duas argentinas (mãe e filha) que estavam no meu grupo e que tinham vindo da África do Sul, diziam: neste pouco tempo já vimos mais animais que em 2 dias no Krueger.
Estava na hora de tentar ver os animais mais apelativos, que são também os mais fugidios. Eis que um outro guia chama pelo rádio e aí vamos nós. Demos com um casal de leões, um casal de namorados. Ela estava deitada, dormia e não se mexia. Foi por ele que conseguimos entender o que se passava. O macho tinha uns 5 anos, uma juba linda mas clara, indicando que é jovem. O guia explicou que, naquelas circunstâncias, deviam ser um casal de namorados, podendo ela estar no cio. Se assim fosse panaria a cada 15 minutos, durante o dia e durante a noite, durante todos os dias em que ela estiver com o cio. Os cerca de 10 jipes que se juntaram ficaram então a observar, deixando passar 15 a 20 minutos para perceber que chagavam a vias de facto. Como não aconteceu, é porque a fémea já não estava no cio. Deverá estar grávida e o par constitui uma família que irá crescendo com o tempo.
Foi bonito ver o leão a bocejar, a espreguiçar-se, a coçar-se e esfregar o mão na cara. Exactamente como os meus gatos fazem aqui em casa.
Estando numa zona equatorial, onde há 12 horas de dia e 12 horas de noite durante todo o ano, com o sol a nascer cerca das 6:30 e a pôr-se às 18:30, o sol começou a baixar, a luz começou a indicar que o escurecer se aproximava e, depois de desistir de ver um leopardo naquele dia (outras oportunidades haveria), iniciámos o regresso ao lodge, passando por zebras, gazelas e impalas e apreciando a paisagem da savana, com as acácias pejadas de ninhos de morcego e ninhos de térmitas espalhados pela zona.
Como sempre, neste tipo de viagem, é chegar, tomar banho e jantar. Antes do jantar os crocodilos vêm ter à margem porque já sabem a que o pessoal do lodge lhes atire um osso com carne antes dos hóspedes irem jantar. E assim foi, apareceram 2, relativamente pequenos, bem mais pequenos que os crocodilos do Nilo, que engoliram o que lhes deram e que se deixaram ficar mesmo por debaixo do varandim que o lodge tem, para os hóspedes os pedrem ver de perto.
Foi jantar, arrumar as coisas e adormecer cedo, desfrutando do som das aves que preenchem a noite africana.
Foi o 1º dia e as coisas começavam bem.

Dia 2: Samburu – Aberdare com safari no Samburu ao início da manhã

Começámos o 2º dia com um safari pelas 7:30 em Samburu, o 2º safari na reserva. Não é um parque para apreciar os Big Five mas sim para ver uma maior diversidade de animais. Muitos elefantes a atravessar o rio, famílias inteiras à luz da manhã. Aproximámo-nos mas ficámos num caminho de elefante, ou seja, o jipe estava a cortar-lhes a passagem. O chefe da família (talvez a matriarca) ameaçou investir contra o jipe, mas o guia experiente percebeu e afastou-se. Girafas, gazelas Thomson, gazelas-girafa, babuínos amarelos, galinhas da Guiné. Foi bonito, a paisagem é cativante, mas nada de grandes felinos. Apena sum leopardo que um jipe encontrou mas que estava escondido nuns arbustos e que não conseguimos.
A seguir, pela estrada poeirenta, iniciámos a viagem para o Parque Nacional de Aberdare, nos montes Aberdare. Ao fim de uma hora encontrámos finalmente a estrada asfaltada que liga Nairobi à fronteira com a Etiópia. Passámos por uma cidade importante desta estrada, Sisolo, muito movimentada e colorida, principalmente porque se estava em plena campanha eleitoral para as eleições gerias de 8 de Agosto.
Pelas estradas do Quénia voltámos a constatar como o limite de 80km/h é imposto: quebra-molas (muitos e grandes) e barreiras da polícia com obstáculos que têm de ser contornados a baixa velocidade, ou furam-se os pneus todos.
Depois de passar por mais umas localidades chegámos ao Aberdare Country Club para almoçar. É um espaço muito agradável, muito florido e bem arranjado, no sopé do monte onde continuaríamos o dia. Com vista sobre os montes passeámos depois do almoço, com gazelas a passearem livremente pelo espaço.
Depois fizemos a subida para o famoso The Ark, por uma estrada de terra em jipes do Country Club. Chegados ao The Ark percebemos a maravilha de onde nos encontramos: um edifício de madeira de 4 pisos, junto a um charco e no topo do monte. Paredes de vidro e varadas permitem-nos ver os animais a passarem pertíssimo de nós. Nesta zona não há leões, o predador da zona é o leopardo, sempre fugidio e difícil de ver. Com sorte, à noite irá um beber ao charco e, nesse caso, um sino tocará 3 vezes nos quartos dos hóspedes para quem quiser poder levantar-se e ir ver. Mas nada de leopardos, só muitos elefantes, búfalos, algumas gazelas e javalis. Vão comer o sal que fica depositado nas margens do charco salgado e disputam pequenos territórios. Algumas aves e algumas hienas. É um lugar muito agradável, há café grátis em self service para nos sentarmos numa poltrona e ficarmos a ver os animais do outro lado do vidro.
Depois de um bom jantar a noite prometia. O pessoal da cozinha atraiu 2 doninhas com comida. Duas famílias de elefantes entraram em conflito pelo espaço junto ao charco, os patos grasnavam bem alto, os elefantes de maior porte escorraçavam os búfalos e as hienas escondiam-se na vegetação à espera de uma oportunidade. Os olhos reluzentes denunciavam-nas.
Alguma animação, muito interessante para um ocidental habituado a viver numa cidade, mas nada de raro ocorreu nessa noite. Apesar de tudo valeu muito a pena, até pela paisagem pejadas de montes cobertos por uma floresta densa e esverdejante.

Dia 3: Aberdare – Lago Nakuru

No equador há 12 horas de dia e 12 horas de noite, com o sol a nascer às 6:30 e a pôr-se às 18:30. Acordámos cedo e consegui espreitar o charco de Aberdare antes do pequeno-almoço. Havia pouco movimento, só alguns búfalos e pouco mais.
Depois percorremos o passadiço de saída do The Ark para fazermos de jipe a descida até ao Aberdare Country Club. Assim que saímos, uma surpresa das boas. A Pilar viu um leopardo e mandou o condutor parar e recuar para o podermos observar bem e de perto. Ao início escondeu-se num arbusto mas logo de seguida perdeu a vergonha, devem estar habituadíssimos aos jipes, saiu do arbusto e caminhou mesmo ao lado do jipe, a um metro de mim. Um animal lindo, pena que seja fugidio e difícil de ver. Principalmente de tão perto. Era uma fémea no cio porque parou e esguichou um jacto de urina para deixar uma marca de que está disponível para acasalar.
No Country Club reencontrámos o nosso guia/condutor, o Nassor, e iniciámos a viagem para o Lago Nakuru.
Ao cruzarmos de novo a linha do equador, desta vez de norte para sul, fizemos uma paragem em Kagondo, numa daquelas lojas de artesanato que disponibilizam lavabos para os turistas e aí foi-nos feita uma demonstração do efeito de Coriolis. É impressionante ver como no hemisfério norte a água de uma taça roda em sentido directo, a poucos metros, no hemisfério sul, roda em sentido contrário, e sobre o equador pura e simplesmente não roda.
Seguiu-se uma paragem nas cataratas Thomson onde alguns indígenas vestiam trajes locais a ver se os turistas estavam dispostos a dar uma gorjeta para poderem fazer umas fotos. Não alinhei porque esta à vista que havia muito exagero na forma como se vestiam.
As cataratas são bonitas mas nada de mais.
Seguimos então pelas zonas de café dos Kikuyus, pelas montanhas onde os maratonistas quenianos treinam em altitude. Vimos 2 a treinar.
Foi no percurso até ao Lago Nakuru que experimentei pela 1ª vez fotografar gente a caras nas localidades por onde passámos. Meti a teleobjectiva e, como o guia não me disse nada, tentei fazer umas fotos. São difíceis de fazer com o jipe em andamento. Só quando ele abranda é que se fazem melhor, mas só abranda para passar os quebra-molas e aí há um salto que o jipe dá e que estraga toda a tentativa de fazer uma foto de jeito.
Ao chegar ao Lago Nakuru fiquei maravilhado com o bungalow e com a vista sobre a savana verde, com o Lago Nakuru em fundo. Junto à vedação do lodge muitos babuínos amarelos, zebras e, às vezes, um rinoceronte a passar perto. O lodge é muito agradável, com um espaço para sentar e descansar frente à piscina, com vista para a savana ao fundo.
Após o almoço, mais um passeio para explorar o lodge, antes do safari marcado para as 16:30.
Quando nos reunimos alguns companheiros de viagem atrasaram-se porque, quando saíram do bungalow, tinham ficado a ver 2 rinocerontes junto à vedação do lodge. Eu não tive essa sorte. Mas quando começámos o safari, logo à saída para o parque do Lago Nakuru, que é bem mais pequeno que o de Samburu, demos logo com uma girafa reticulada muito próximo da estrada, que pudemos observar com atenção. E a seguir um casal de rinocerontes pretos a caminhar pela vegetação a uns 50 metros de nós. São animais perigosos e não gostam que nos aproximemos. Seguimo-los à distância, ele apercebeu-se que os estávamos a observar e virou-se com cara de poucos amigos. O guia pôs o jipe a andar para impedir uma investida. São animais ameaçados de extinção e tivemos a sorte de os ver.
A seguir os guias, comunicando por rádios, informaram de um leopardo descansando numa árvore. Lá fomos, vimo-lo de longe e o guia deu a volta para apanhar a picada do outro lado da árvore, que permitia vê-lo melhor. Mesmo assim foi de longe e foi quando senti claramente a falta de uma objectiva de 400mm. Depois de uns 15 minutos a observar tivemos de nos desenvencilhar de um engarrafamento de jipes que se tinha formado para ver o leopardo.
Os rádios avisaram de 2 leões a dormir mesmo junto à estrada. A uns 3 metros dos jipes nem acordavam. Só depois de se juntarem uns quantos jipes e o barulho ser maior é que um se dignou levantar a cabeça. Deitou-se e depois foi o outro a olhar em volta. Eram 2 machos, provavelmente irmãos, que vivem e caçam juntos e que nenhum foi capaz de derrotar o macho dominante de um grupo para se apoderar dele. É impressionante a forma como os leões estão habituados aos jipes e aos turistas, e deixam aproximar a tão curta distância.
Seguimos então para o lago, passando por uma manada de gazelas Thomson, outra de búfalos e por um casal de rinocerontes brancos. São da mesma cor que os pretos, são mais corpulentos e têm a cabeça mais larga (wide – é daqui que vem um erro de tradução que eu origem ao white). São mais pacíficos que os pretos e com este casal cumprimos a observação dos Big Five.
O Lago Nakuru, conhecido pelas paisagens pejadas de flamingos rosa, foi uma desilusão total. O lago é de água salgada, o nível do lago desceu, deixando a zona onde os flamingos eram observados sem água e comida para eles. Só os vimos ao longe, onde se concentravam porque é ali que encontram comida. Paciência, nem sempre as coisas correm como previsto.
No regresso mais búfalos e uma manda de gazelas Thomson machos. Os machos distinguem-se das fêmeas por terem cornos. Era uma manda de machos jovens que andam cerca de uma manada com macho dominante e que lutam entre si para treinar, para um dia tentarem derrotar o macho da manda vizinha.
Já junto à entrada do lodge demos com uma manada de zebras que atravessava a estrada, e por isso parámos para não lhes cortar o caminho e para as vermos em movimento.
E antes do banho e do jantar, desfrutámos da paisagem maravilhosa iluminada pela luz do fim do dia.

Dia 4: Lago Nakuru – Masai Mara

Este foi um dia diferente pelo safari que fizemos a pé ao fim da tarde em Masai Mara.
Começámos por, pouco depois de sair do Lago Nakuru, parar para um passeio de barco no Lago Naivasha. Foi pena o tempo não ajudar, chuviscava no início e os últimos 20 minutos foram de chuva intensa. Até tive de usar o meu impermeável de emergência e tive de cobrir a mochila com a capa impermeável que tem.
Num dia de sol seria bonito apreciar as aves, os hipopótamos e os restantes animais nas margens do lago.
Depois, por mais uma estrada poeirenta e muito irregular, dirigimo-nos a Masai Mara. Andámos às voltas para dar como o caminho do lodge porque o caminho que o guia costuma fazer estava intransitável.
Fiquei maravilhado com o Mara Leisure Camp. O meu alojamento era um bungalow amplo com piso sólido, paredes de alvenaria e chão de madeira, mas envolto numa tenda gigante de campanha. Uma ampla cama no centro, rodeada como sempre por uma rede mosquiteira a toda a volta, e com uma decoração tipicamente colonial inglesa. Apesar da recepção ser pequena e simples, os restantes espaços do lodge eram muito bonitos.
Almoçámos por volta das 2 da tarde e tivemos tempo livre para descansar e conhecer o espaço até às 16:30, hora habitual do safari da tarde.
Quando explorava as instalações dei com um grupo de macacos a assaltar o aparador do café. Roubaram pacotes de açúcar e de chá e tive ocasião de os filmar. Avisei os funcionários e percebi que estão habituados a isso.
O que se seguiu foi uma experiência difícil de ser descrita e que as imagens recolhidas não conseguem relatar. O grupo de 9 (os 7 que vinham desde o início mais 2 costa-riquenhas) em que eu estava incluído foi transportado em 2 jipes que nos deixaram num descampado com 3 Masai. Eram eles os nossos guias para o safari da tarde, a pé pela savana, seriam os nossos seguranças mas não tinham armas, apenas as facas de mato que usam no dia-a-dia. A nossa segurança foi o conhecimento que eles têm do terreno e os jipes acompanharam-nos a uma centena de metros para nos recolherem em caso de perigo. Àquela hora do dia, com algum calor, não é provável que apareça uma fera onde não encontra presas para comer, mas nos arbustos próximos podia muito bem estar alguma a proteger-se do sol.
O líder explicou-me que íamos andar por mais de 2 horas em contacto com a natureza, para conhecer a natureza e os costumes Masai. Iniciámos a caminhada observando merda de caxine, de zebra, de elefante. Os Masai usam cada uma para um fim. A de caxine é para pintar o corpo, a de elefante é usada como lenha porque contém muita madeira. Fomos vendo as plantas e os Masai colhiam folhas para nos explicar para que as usavam. Uma é como dentífrico, outra como lixa, outra como desodorizante.
Em nosso redor não se via um animal, mas o Masai perguntavam “onde está a girafa?”, “e a gazela?”. Nós não víamos nada, mas o olho apurado deles via uma girafa e uma gazela entre a vegetação, ambas só com a cabeça visível e a umas centenas de metros de nós. São os “binóculos Masai”.
Diziam-nos os Masai que à noite o chão que pisávamos era muito concorridos, porque é ali que os predadores nocturnos atacam as suas presas. As ossadas espalhadas pelo chão demonstravam-no bem. Vimos pegadas de vários tipos, ninhos de morcego espalhados pelas árvores, um ninho de térmitas e uma toca de hiena abandonada.
É uma sensação indescritível estar num espaço amplo da savana, apreciando a paisagem, as aldeias ao fundo, um pastor Masai com o seu rebanho onde a vista ainda alcança, e saber que na vegetação que nos rodeia podemos encontrar toda a fauna daquelas paragens. Respira-se um ar puro e toma-se o cheiro de África.
Para culminar o agradabilíssimo passeio, os jipes juntaram-se-nos numa clareira, os Masai puseram uma mesa, encheram-na de bebidas que tiraram de uma geleira e tivemos uma boa meia hora para apreciar o pôr-do-sol naquele ambiente tranquilo, lindo, saboroso. Foi uma sensação profundíssima e impossível de descrever.
Posto o sol e começando a escurecer, regressámos ao lodge nos jipes, mas encontrámos um grupo de 8 girafas cujo caminho se cruzava com o nosso. Elas pararam para nos observar e hesitaram antes de continuar. Para as podermos observar melhor, apesar de ser quase noite cerrada, descemos dos jipes e, acompanhados por um Masai, aproximámo-nos a pé. Não muito próximo porque podia ser perigoso. O escuro não nos permitia saber a que distância estavam as girafas, o Masai de certeza que sabia, mas nós não fazíamos ideia. Apenas desfrutámos mais um pouco do safari a pé por Marai Mara.
Depois do jantar visitei a gift shop e arrumei as minhas compras. O encarregado da loja é um Masai, exactamente aquele que tinha liderado o nosso safari a pé durante a tarde. Depois das compras vi chegar um grupo de Masais que actuaram no amplo lobby exibindo as suas danças tradicionais. Entre eles estavam os outros dois que tinham feito o passeio a pé pela savana. Percebi no dia seguinte que vivem na aldeia Masai que visitámos e que trabalham no turismo para ganharem um extra muito importante, que lhes permite ir à povoação mais próxima comprar géneros úteis para a vida da aldeia. Falando com eles fiquei a saber que não gostam das cidades e preferem viver na sua aldeia, segundo os preceitos tradicionais. Todos falam inglês e o encarregado da gift shop disse-me que têm muitos turistas portugueses e que são bem-vindos porque são bons clientes, educados e que falam bom inglês. Para além deste biscate no turismo, os Masai são acima de tudo pastores.
O espaço do lodge é pouco iluminado à noite, para evitar a poluição luminosa, é aconselhável usar uma lanterna, eu tenho uma de cabeça mas orientei-me bem e não precisei de a usar. Mas há funcionários do lodge, que fazem rondas e segurança, espalhados pelo espaço, que a troco de uma gorjeta de 1 euro nos encaminham até ao bungalow.

Dia 5: Masai Mara

Este prometia ser o dia melhor de toda a viagem, com um safari de dia inteiro no Masai Mara. E cumpriu as expectativas.
Começámos de manhãzinha, ainda cedo, às 7:30 já estávamos na reserva. Fomos vendo os animais que havia e a paisagem. Manadas de gnus e zebras a perder de vista, uma planície sem fim e, ao fundo, lá muito longe, os montes da Tanzânia.
Pelo rádio que os guias usam para se informarem uns aos outros do que há de interessante para mostrar aos turistas, o meu guia ficou a saber de uma chita escondida na vegetação a caçar. Lá fomos. Entre nós e uma manda enorme de gnus e zebras, uma vegetação rasteira de onde sobressaía uma cabeça. Durante uns minutos só se via essa cabeça. Era a chita que se tinha aproximado da manda sem ser detectada. A uma distância que lhe permitia atacar uma presa, saiu da vegetação e começou a caminhar paralelamente à manda. Os gnus e as zebras afastavam-se um pouco à sua passagem, para uma distância mais segura, percebendo que a chita procurava uma presa. Ia olhando para uma lado e para o outro, em busca de uma cria ou de um velho doente. Os guias perceberam que ela iria continuar naquele caminho em até escolher um alvo, e por isso foram avançando com os jipes para podermos acompanhar-lhe melhor o percurso. Passou duas vezes ao lado do meu jipe, umas delas a não mais de 4 metros. Caminhava solta, segura, confiante, até seleccionar uma presa. Saiu da vegetação e seguiu pelo trilho dos jipes, sem se incomodar minimamente com eles. O meu guia, com uns binóculos potentes, percebeu que o alvo seria uma cria que estava com a mãe lá mais à frente e fomos o 1º jipe a avançar. Com a presa escolhida aproximou-se, começou a trotear e de repente, a chita acelera e inicia a caçada. Só vendo podemos ter a noção do que é um animal a correr a 110km/h. 9 metros a cada passada. A caçada foi curta, não mais de 5 segundos. Deixámos de ver pó e ficámos à espera que a poeira assentasse. Se víssemos a chita era porque a caçada tinha falhado, como acontece em 70% dos casos. Mas nada. Fomos até ao local. A chita agarrava o pescoço da cria de gnu indefesa para a sufocar, a cria, já sem forças e manietada, ainda abanava lentamente o rabo, mas esse movimento desapareceu ao fim de pouco tempo. Com a presa morta a chita levantou-se e sentou-se, ainda ofegante, para descansar. Com o risco sempre presente de algum caçador mais possante lhe poder roubar a presa, começou a abri-la cá atrás, junto ao rabo, para depois começar a comer. Ao fim de uns minutos, satisfeita, sentou-se a olhar em redor e depois deitou-se a descansar.
O meu guia disse-nos que é raro vermos uma caçada desta. O dia começava muito bem, com uma dádiva rara.
O resto da manhã foi passado em busca de outros animais, principalmente leões e leopardos. Mas com o avançar do dia o calor fazia-se sentir e todos estes animais que mais procurávamos estavam à sombra, junto a charcos e a descansar. Não vimos leopardos no Masai Mara. Encontrámos um leão que dormia no meio de uns arbustos. Parámos o jipe e nem se dignou levantar a cabeça. O guia ligou o motor, aproximou-se até 3 metros dele, mas ele continuou. Ao fim de um tempo levantou a cabeça, olhou-nos sem nenhum interesse e voltou a deitar-se. Este leão não se via bem. Fomos em busca de outros. A pouca distância estava uma leoa, sozinha, na mesma posição, junto a arbustos mas fora deles. Via-se muito melhor que o leão anterior mas mostrou por nós o mesmo desinteresse. Lá a vimos e fotografámos e fomos em busca de mais. Junto ao rio havia um grupo deles, mas estavam escondidos numa gruta que os pedregulhos formavam e não os conseguimos ver.
Passámos a manhã nisto, passando por grupos e manadas de gnus e zebras, que corriam quando o jipe se aproximava. A certa altura estávamos mesmo junto a uma toca de hiena, com ela meio dentro meio fora, uma excelente oportunidade para a fotografar.
Antes do almoço fomos visitar uma aldeia Masai. Os Masai são pastores, vivem na aldeia porque preferem assim, mas também fazem uma perninha no turismo para ganharem um extra que lhes permite comprar géneros nas aldeias vizinhas. Tive a sensação de ver uma actuação para turista ver. Falam inglês e estão à vontade e habituados aos turistas. Depois de pagar os 20 euros da visita, podemos fotografá-los à vontade.
A aldeia é composta por um conjunto de casas em forma de círculo, com uma entrada. As casas são de barro e muito escuras porque a luz só entra pela porta. A visita é algo “comercial”, o pessoal põe as vestes para os turistas e faz uma coreografia que é claramente para turista ver. Tentei descobri um gerador e uma antena parabólica, como se vê nas aldeias das mulheres girafa na Tailândia, não digo que não existam no lado oposto ao da entrada, mas não vi. E até aceito que não existam porque os Masai com quem falei na véspera durante o safari a pé, diziam que conheciam mas não gostavam das cidades, preferem o seu estilo de vida tradicional.
Vista a aldeia Masai estava na hora de tentar descobrir mais alguns animais, sendo certo que em plena hora do calor estariam todos abrigados nas sombras. Iniciámos a descida para o Rio Mara e fomos passando por mais umas quantas mandas de gnus, sempre com zebras por perto, que corriam para se afastar do nosso trilho quando o jipe se aproximava.
Ao chegar ao rio o guia disse-nos que poderíamos ter sorte, porque os gnus pareciam juntar-se para atravessar o rio. Trata-se daquele espectáculo tantas vezes documentado na televisão, com as manadas da grande migração a atravessarem o rio infestado de crocodilos, para irem em busca de pastagens mais verdes na margem norte.
Estacionámos na margem para o almoço, que o pessoal do lodge tinha providenciado em embalagens individuais para cada um de nós, enquanto esperávamos que alguma coisa boa pudesse acontecer. O local é aquele onde são gravados os documentários da travessia do Rio Mara, embora ela seja normalmente filmada quando ocorre em sentido contrário, ou seja de norte para sul.
A cena prometia e alguns dos crocodilos das margens mergulharam e fizeram-se ao rio porque havia sinais de que, naquele dia, haveria travessia, que acontece sempre entre as 2 e as 3 da tarde, quando ainda há horas de sol suficientes para os gnus atravessarem e encontrarem um pasto na outra margem durante o dia.
Cerca das 14:30 começou a chover e a nossa esperança desapareceu. O guia disse-nos logo que com chuva não há travessia, até porque a chuva refresca as pastagens existentes e a necessidade de buscar outras, deixa de ser tão imediata. Já tínhamos tido a oportunidade rara de ver a caçada da chita logo de manhã, seria difícil ter sorte também com a travessia. Não vimos a travessia mas vimos as manadas a juntarem-se e a prepararem-se para atravessar. Já foi bom.
Um casal de Barcelona que conheci em Amboseli disse-nos que tinham visitado o local 2 dias depois de ter havido uma travessia. Quando se aproximaram, ainda sem ver a cena que os esperava, o cheiro nauseabundo era intensíssimo. Quando viram, o local estava pejado de carcaças de gnu, umas 40 ou 50, já meio desfeitas e comidas, os abutres banqueteavam-se e era uma cena digna de ser vista. Curiosamente as carcaças que se viam não tinham nada a ver com os gnus que foram comidos pelos crocodilos durante a travessia. Esses desapareceram na barriga dos crocodilos ou nas águas do rio. Os que se viam em terra tinham sido pisados e esmagados pela fúria da manada.
A chuva manteve-se e estragou o resto do dia. Decidimos regressar mais cedo ao lodge, passando por aves, abutres, elefantes, gazelas, …
Ao lado do trilho demos com uma chita com 2 crias a devorarem um javali. Ficámos ali bastante tempo a apreciar, antes de dar o dia como terminado.

Dia 6: Masai Mara – Nairobi

Este foi o dia mais fraco, só tinha como aliciante uma refeição no famoso restaurante The Carnivore.
E foi um dia duro porque a viagem de jipe de Masai Mara para Nairobi não foi pêra doce. A chuva da noite enlameou os caminhos, havia obras de terraplanagem e as primeiras 2 horas de viagem foram péssimas. Suspirámos de alívio quando chegámos ao asfalto mas apanhámos uma estrada congestionadíssima de camiões.
Fizemos uma paragem num miradouro sobre o Vale do Rift, mas a neblina não nos permitiu desfrutar de toda a beleza da paisagem.
Como uns de nós tínhamos jantar no The Carnivore e outros tinham almoço, falámos com o guia para se entender com o escritório da empresa por forma a irmos todos juntos. Decidimo-nos pelo almoço.
A entrada em Nairobi foi complicada, como é sempre, pelo trânsito caótico. Como já não precisávamos ir ao hotel porque íamos todos almoçar ao The Carnivore, o guia fez um desvio por uma auto-estrada de circunvalação que contorna Nairobi, o que nos permitiu passar mesmo ao lado do famosíssimo bairro de Kibera, um bairro de lata monumental com 1 milhão de habitantes, um dos maiores e mais mal-afamados de África. É de facto impressionante.
O The Carnivore não desiludiu, é um rodízio de carnes, todas elas das que comemos em casa, excepto o crocodilo que nos é dado a provar já no fim da refeição. Sabe a frango. O espaço está muito bem cuidado, tem segurança armada e estava cheio de turistas ocidentais.
Depois do almoço atravessámos o centro da cidade a caminho do hotel. Um trânsito horrível que leva a desligar os semáforos e a pôr polícias a orientar o trânsito. 1 hora para fazer cerca de 1 km. Passámos mesmo pelo centro, vimos o Centro de Conferências Jomo Kenyatta, os edifícios do parlamento e a praça que planeávamos visitar. Os fóruns da net estão cheios de avisos aos ocidentais alertando que é perigoso andar a pé por Nairobi. Só sem exibir câmaras fotográficas nem telemóveis caros. O guia disse-nos que não haveria problema, tínhamos é de apanhar um táxi no hotel e depois outro para regressar, porque o hotel fica a 1500 metros do centro e já não é considerado centro. Os passeios não são asfaltados e pode ser perigoso. Para nos descansar o guia até apontou para um turista chinês que passeava pelo centro, mas a verdade é que não víamos ocidentais.
Ainda pensámos ir ao centro, eu e o casal espanhol de Bilbao, mas percebemos que iríamos passar 1 hora no táxi a caminho do centro e outra no regresso, ficando sem tempo para visitar algo porque entretanto se faria escuro e aí sim, é mesmo perigoso um ocidental passear por Nairobi. Meso no centro.
Acabámos por passar o tempo livre junto da piscina do hotel e jantámos num dos 2 restaurantes que o Southern Sun Mayfair Hotel tem.

Dia 7: Nairobi – Amboseli com safari em Amboseli

 

Este dia e o seguinte (o do regresso final a Nairobi) foram feitos com outro guia, o Kinyoko. Para pena nossa o Nassor Ali, que nos tinha guiado desde o 1º dia, estava escalado para fazer manutenção ao seu jipe nestes dois dias. Embora menos experiente, o Kinyoko é um bom guia, não tão bom como o anterior, mas simpático e prestável. Nos parques é que se notava a menor experiência, de acordo com os que tinham ido com ele em Masai Mara. No último dia, ao iniciarmos a viagem de regresso a Nairobi, à saída de Amboseli, meteu-nos num problema entre 2 elefantes mal dispostos. Foi o momento mais tenso por que passei.
Saímos cedo de Nairobi mas enfrentámos o trânsito infernal do centro da cidade, porque fomos buscar um casal jovem de Barcelona, que estava alojado num hotel mais central.
Apesar do dia embrulhado e com pouca luz, decidi aproveitar esta viagem para captar mais imagens das estradas e das localidades, tentando recordar as gentes do Quénia.
O objectivo principal de ir a Amboseli é ver o Monte Kilimanjaro, o mais alto de África, com as suas neves perpétuas, mesmo junto ao equador. E aproveitar para fazer um safari pelo parque, que tem muito que ver.
Amboseli quer dizer “pó” e percebemos o significado quando nos aproximamos e vemos os muitos mini-tornados que pintam a paisagem. Há sempre vários no horizonte.
A reserva está formada em torno de um pântano com águas que descem do Kilimanjaro por aquíferos subterrâneos e formam o pântano, que cria assim uma zona fértile verde, que atrai muitos herbívoros e os animais que os caçam.
O Oltukai Lodge é excelente, muito bonito, com espaços muitos amplos, os bungalows são acolhedores e está rodeado por uma cerca de arame ao lado da qual se passeiam diversos tipos de animais. Tal como no Lago Nakuro. O recinto está pejado de macacos, babuínos azuis, que brincam e se divertem junto de nós.
O almoço foi muito agradável, servido no exterior, ao ar livre, preparando-nos para uma tarde longa de safari pelo parque.
À hora da praxe (16:30) partimos para safari em Amboseli. É uma volta em redor da área do pântano. Começámos por apreciar um hipopótamo no pântano a comer, mais umas zebras, elefantes e javalis. Mais à frente uma família numerosa de elefantes fazia o seu caminho afastando todos os que estavam à sua frente. Um elefante adulto esfregou-se num ninho de térmitas alto. Dizia o guia que é uma das formas que têm de se coçar.
Ao fundo vimos duas zebras macho numa luta aguerrida pelo domínio do harém. A forma mais dolorosa de uma zebra atacar outra é morder-lhe o pescoço e vimos que isso estava a acontecer da parte do vencedor da disputa. Durou uns 2 ou 3 minutos. Parecia que naquele dia as zebras estavam loucas em Amboseli, por ao fim do dia vimos outra luta igual, mas mais de perto.
Fomos sempre aproveitando para espreitar o Monte Kilimanjaro, a ver se as nuvens passavam e deixavam ver pelo menos o cume. Zebras, gazelas, girafas reticuladas. A paisagem era muito bonita. De um lado o pântano numa planície a perder de vista, do outro o Kilimanjaro com muitas acácias à vista, porque o terreno dali até ao sopé já tem mais vegetação e as acácias são omnipresentes.
Já com o sol muito baixo vimos a segunda luta entre zebras macho. Esta mais próxima de nós e mais demorada. Logo a seguir 2 chacais, um numa perseguição ao outro, que parecia não ter fim. Passaram mesmo entre os jipes que entretanto se tinham juntado.
E ali ficámos porque, com os binóculos, os guias perceberam que as zebras que estavam uma centena de metros à nossa frente, tinham parado e pareciam alinhadas, de olhar fixo, todas na mesma direcção. Era uma família de leões, vimos 7, que descansavam na orla da vegetação que cerca o pântano. Embora a alguma distância, as zebras não estavam numa situação de total segurança se os leões decidissem atacá-las. Estranhámos e perguntámos ao guia por que é que as zebras pura e simplesmente não se afastavam? A resposta foi: por curiosidade, apesar do perigo os animais olham muitas vezes os seus predadores por curiosidade.
Com isto pôs-se o sol e fizemos o regresso ao lodge já na penumbra vespertina, tristes por, apesar de as nuvens terem aliviado, tínhamos visto o cume do Kilimanjaro mas não tão bem como queríamos.
E foi aí, quando já estávamos no lodge, a caminho dos bungalows para o banho antes de jantar, que o cume do Kilimanjaro se mostrou com todo o seu esplendor. Uma imagem muito linda, para acabar o último dia de safaris.
Depois do jantar mais umas danças Masai para entreter os hóspedes e foi assim que finalizou o último dia.

Dia 8: Amboseli – Nairobi

Último dia no Quénia e um dia completamente perdido. Era suposto ir para Nairobi e termos lá a tarde livre, mas acordámos cedo para levar um casal colombiano até à fronteira com a Tanzânia.
O dia começou bem, podendo desfrutar da paisagem de Amboseli ao nascer do sol, com inúmeros animais junto à cerca do lodge. Mas foi só isso.
Após o pequeno-almoço saímos do lodge e demos com um grupo de elefantes que nos cortava a estrada. Uma mãe agressiva e a cria comiam ramos de árvore e não nos deixavam passar. O guia tentou avançar com o jipe mas ela pôs-se no meio da estrada pronta a investir contra nós. Recuámos e fomos seguindo apenas na medida em que mãe e cria seguiam com o grupo mais para a frente. Um macho adulto adoptou a mesma atitude e decidimos esperar. A certa altura afastou-se o suficiente e o nosso guia, o Kynioko, passou por ele para se deter pouco mais à frente, porque mãe e cria continuavam a barra-nos o caminho. Gerou-se uma situação delicada, a única que me assustou, porque tínhamos uma mãe mal disposta e pronta a enfrentar-nos à nossa frente, e um macho adulto com a mesma disposição atrás de nós. Podíamos ficar ensanduichados. Felizmente o guia teve o bom senso de recuar para evitar uma situação que poderia ser perigosa. Ao fim de uns 15 minutos lá conseguimos passar.
Em vez de seguirmos para Nairobi, fomos até à fronteira com a Tanzânia, em Namanga, para levar até lá um casal colombiano que estava com a nossa agência. A estrada até Namanga é toda de terra, foi mais uma “massagem grátis” durante 2 horas e meia, comendo pó sempre que nos aproximávamos de um jipe para o ultrapassar.
Em Namanga estava um jipe à espera do casal colombiano, que os passou para a Tanzânia e os levou depois até Arusha. E nós seguimos, já por estrada asfaltada, até Nairobi. O objectivo da agência era deixar-nos no hotel a horas de podermos almoçar. Conseguiu, mas chegámos cerca das 2 da tarde.
A entrada em Nairobi foi o caos que já tínhamos vivido 2 dias antes quando chegámos a Nairobi vindos do norte. Um trânsito infernal e dezenas de vendedores entre as filas de carros, vendendo de tudo um pouco. Fui fazendo umas fotos deles com a teleobjectiva até que uma vendedora protestou. Tive de guardar a câmara.
Ao atravessar o centro de Nairobi mais uma vez, eu e o casal espanhol que tinha pensado visitar o centro da cidade comigo da parte da tarde, percebemos que seria impossível. O Southern Sun Mayfair Hotel fica a 1500 metros do centro, já não é considerado centro e por isso não é aconselhável os turistas andarem a pé por aquelas ruas. A única hipótese seria apanhar um táxi, que levaria 1 hora a fazer o percurso até ao centro e depois apanhar outro de regresso ao hotel, que levaria ainda mais tempo por já apanhar a hora de ponta. Depois do pôr-do-sol é perigoso um turista andar pelas ruas de Nairobi, mesmo no centro da cidade, que é a única zona considerada segura durante o dia. E com isto percebemos que, saindo depois do almoço, comido já tarde porque termos passado toda a manhã em viagem, nos restaria apenas 1 hora para estar no centro. Desistimos da ideia e ficámos no hotel, à espera do transfer que nos levou para o aeroporto às 7 da tarde.
Foi mais 1 hora e meia perdidos no trânsito infernal.
O casal espanhol tinha voo às 23 horas e eu às 23:55. Ainda bem que cheguei cedo ao aeroporto porque quando cheguei ao check-in disseram-me que não tinham lugar, o voo estava esgotado. Foi a primeira situação de overbooking que enfrentei. A senhora do check-in disse-me “yes, the flight is overbooked”, foi falar com uma supervisora e lá resolveu o problema.

Dia 9: Amesterdão

 

Este dia foi “criado” por mim ao decidir não apanhar em Amesterdão o 1º voo para Lisboa, aproveitando o facto de a KLM ter 2 voos diários. Foi a 4ª vez que estive em Amesterdão e a minha passagem teve a ver com a minha vontade de fazer um cruzeiro no canal, porque na última escala que ali tinha feito, em Dezembro passado, desisti da ideia por causa da chuva e do frio.
Passei a noite a bordo do 747 que fez a ligação Nairobi – Amesterdão, consegui dormir umas 5 horas e aterrámos em Amesterdão às 7 e pouco da manhã. Apanhei o comboio para a Centraal Station e pouco depois das 8 da manhã já estava na rua, desfrutando de uma coisa que eu tanto procurava: passear em Amesterdão com sol e bom tempo.
Depois do pequeno-almoço que tinha tomado a bordo antes de aterrar, tomei outro num Starbucks da avenida que liga a Centraal Station à Dam e dei um passeio pelo Red Light District contornando ruas onde costumo passar até à Dam.
Foi pena eu estar cansado, não só da noite mal dormida a bordo na viagem, mas de todo o circuito pelo Quénia. E foi pena ser cedo demais, Amesterdão estava a acordar da animação da noite anterior, o lixo ainda não tinha sido removido, havia pouca gente na rua e não me pareceu a cidade movimentada a que estou habituado.
Cerca das 11 horas fui fazer o cruzeiro no canal que tanto ansiava fazer. O dia estava bonito, com sol, o cruzeiro é interessante mas, talvez por eu ter expectativas muito altas, não foi o que eu pensava. Foi 1 hora e um quarto de cruzeiro.
Cansado e com uma entorse num pé devido ao equilibrismo que tive de fazer descalço em cima do banco do jipe durante os safaris, decidi que a 4ª visita a Amesterdão se ficava por aqui e fui cedo para o aeroporto para apanhar o voo da noite para Lisboa. Até porque estávamos numa altura de grande movimento nos aeroportos e eu sabia, da escala de Dezembro, que os security checks de Amesterdão são muito rigorosos e demorados.
vídeos desta viagem aqui
alojamentos:
Nairobi: Southern Sun Mayfair Hotel
Samburu: Samburu Lodge
Aberdare: The Ark
Lago Nakuru: Lake Nakuru Lodge
Masai Mara: Mara Leisure Camp
Amboseli: Oltukai Lodge
fotos Quénia

Fotos 2017 Quénia

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

entrada da reserva

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

girafa comum

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

banho de lama

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

banho de lama

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

banho de lama

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

zebra de Gravy

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

gazela Thomson fémea

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

zebras de Gravy

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

caxine ou Dik-Dik

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

macho

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

gazela Thomson

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

savana e acácias

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

órix

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

Quénia 2017 - Samburu

Quénia 2017 - Samburu

gazelas-girafa

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

gazela Thomson

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

zebras de Gravy

2017 Quénia - Samburu

2017 Quénia - Samburu

babuíno amarelo

2017 Quénia - Aberdare

2017 Quénia - Aberdare

entrada do lodge The Ark

2017 Quénia - Aberdare

2017 Quénia - Aberdare

entrada do lodge The Ark

2017 Quénia - Aberdare

2017 Quénia - Aberdare

família de elefantes

2017 Quénia - Aberdare

2017 Quénia - Aberdare

graças coroadas

2017 Quénia - Aberdare

2017 Quénia - Aberdare

leopardo

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

vista do quarto no lodge

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

girafa reticulada

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

leopardo

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

búfalos

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

casal de rinocerontes pretos

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

casal de rinocerontes pretos

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

girafa reticulada

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Nakuru

2017 Quénia - Lago Naivasha

2017 Quénia - Lago Naivasha

kobo ou antílope africano

2017 - Quénia - Lago Naivasha

2017 - Quénia - Lago Naivasha

abetouro verde

2017 Quénia - Lago Naivasha

2017 Quénia - Lago Naivasha

girafa reticulada

2017 Quénia - Lago Naivasha

2017 Quénia - Lago Naivasha

hipopótamos ao início do dia

2017 Quénia

2017 Quénia

moto-taxistas à espera de clientes num vilarejo onde passámos no Quénia

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

safari a pé

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

pôr-do-sol depois de safari a pé

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

pôr-do-sol depois de safari a pé

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

safari a pé com cerveja a ver o pôr-do-sol

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

chita caçando

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

chita caçando e passando ao lado do jipe

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

chita correndo atrás da presa, uma cria de gnu

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

chita caçando uma cria de gnu

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

chita descansa depois de caçar cria de gnu

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

hiena na toca

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

pica-bois pousados num búfalo

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

homem Masai

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

homem Masai

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

visita a aldeia Masai

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

mulheres Masai

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

visita a aldeia Masai

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

visita a aldeia Masai

2017 - Quénia - Masai Mara

2017 - Quénia - Masai Mara

abutre

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

cria de chita com 1 ano comendo um javali que a mãe e a irmã acabaram de matar

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

cria de chita comendo um javali

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

junto ao Rio Mara

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

cegonha de bico de seda

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

leoa à sombra

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

leoa à sombra

2017 Quénia - Masai Mara

2017 Quénia - Masai Mara

Rio Mara

2017 - Quénia - Masai Mara

2017 - Quénia - Masai Mara

abelharudo azul

2017 Quénia

2017 Quénia

gentes do Quénia

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

Oltukai Lodge

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

babuíno azul

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia Ambolseli

2017 Quénia Ambolseli

cegonha de bico de sela

2017 - Quénia - Amboseli

2017 - Quénia - Amboseli

redemoinhos em Amboseli

2017 - Quénia - Amboseli

2017 - Quénia - Amboseli

garça coroada

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

garças coroadas

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

família de elefantes

2017 Quénia - Amboseli

2017 Quénia - Amboseli

zebras macho lutando pelo harém

2017 - Quénia - Amboseli

2017 - Quénia - Amboseli

chacal de dorso preto

2017 Quénia - Monte Kilimanjaaro

2017 Quénia - Monte Kilimanjaaro

Kilimanjaro depois do pôr-do-sol, visto do Oltukai Lodge em Amboseli

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão - Dam

2017 - Amesterdão - Dam

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão - canal

2017 - Amesterdão

2017 - Amesterdão

2017 - Amesterdão

2017 - Amesterdão

vídeos Quénia

vídeos 2017 Quénia

Dia 1: Nairobi - Samburu e safari em Samburu
Dia 2: Samburu - Aberdare com 2º safari em Samburu
Dia 3 parte 1: Aberdare - Lago Nakuru (manhã)
Dia 3 parte 2: Aberdare - Lago Nakuru (tarde - safari no Lago Nakuru)
Dia 4: Lago Nakuru - Lago Naivasha - Masai Mara
Dia 5: safari de dia inteiro no Masai Mara - parte 1
Dia 5 - parte 2: visita a aldeia Masai
Dia 5 - parte 3: Rio Mara e tarde no Masai Mara
Dia 6 - Masai Mara - Nairobi
Dia 7 - parte 1: Nairobi - Amboseli e Oltukai Lodge
Dia 7 - parte 2: safari em Amboseli
Dia 8: Amboseli - Nairobi
Dia 9: Amesterdão - cruzeiro no canal
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11Sagres
Sagres
sobre mim

Nascido em 1958, ex-oficial da Armada, ex-professor no Instituto Politécnico de Beja, dedicado a viajar sempre que possível

 

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© 2016 António Júlio Toucinho da Silva

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