O percurso deste dia foi o de descer a costa leste da Islândia tentando admirar a paisagens dos fiordes que constituem esta costa e que têm neblina perpétua. Aqui e ali conseguíamos ver a linha de costa, mas a visibilidade era má. Todavia as nuvens muito baixas, tocando literalmente no mar, constituíam só por si um espectáculo digno de ser visto. Como o programa dessa tarde prometia ser o ponto alto da viagem, parámos em Hofn para almoçar uma sopa de lagosta divinal no pub Kaffi hornid.

Chegados ao hotel em Smyrlabjorg esperámos que os homens dos 4x4 nos viessem buscar para a expedição ao glaciar de Vatnajokull. Vieram com quase duas horas de atraso por uma excelente razão. A previsão meteorológica apontava para céu limpo no glaciar a partir das 4 da tarde. Lá arrancámos naqueles jipes de pneus larguíssimos iniciando uma subida em que a neblina que tinha predominado nessa manhã tornava o percurso pela montanha quase invisível. A sorte é que os guias, e eu ia com o dono da empresa que é o guia mais experiente, conhecem o caminho quase de olhos fechados. Aos 800 metros de altitude ainda se via muito pouco mas repentinamente deixámos a fraca visibilidade para trás, o maciço montanhoso surgiu aos nosso olhos em todo o seu esplendor e, quando chegámos ao glaciar, a 1300 metros de altitude, o sol brilhava, o céu estava limpíssimo e pudemos admirar aquela imponente maravilha da natureza. Fizemos 3 paragens, em locais diferentes, para ver a paisagem, para tirar fotos, para brincar no gelo, para nos atirarmos bola de neve. Éramos 13 adultos, 11 deles com mais de 63 anos, e parecíamos crianças a brincar num qualquer recreio de escola. Só pela visita ao glaciar a viagem à Islândia valeu a pena.

A última paragem foi junto de uma fenda. O olho experiente do guia que conduzia o jipe da frente, o meu, descobriu uma fenda que valia a pena ver. Parou, saiu do jipe para espreitar e disse-nos a todos para descermos. E lá estava uma fenda impressionante, começava por ter a largura de um dedo e ao longo de uns 20 metros ia alargando até ter cerca de meio metro de espessura. Espreitando com cuidado via-se que era profundíssima, talvez tivesse unas dezenas de metros de fundo. Os guias cercaram-nos e não deixavam ninguém aproximar-se da zona mais larga porque, se por acidente alguém caísse nela, seria quase impossível ser resgatado. Era uma fractura na massa de gelo do glaciar, que ali começava a separar-se em duas. E era impressionante.